24.6.08

Outdoor: meio ainda incompreendido pelos criadores

Artigo publicado em 27/05/08 no site www.acontecendoaqui.com.br

Hoje vamos abrir a coluna com um pouco de didática.

Se existe um consenso entre os bons publicitários catarinenses – o que não é diferente em relação aos outros mercados regionais – é que o meio Outdoor é muito maltratado pelos criadores. Pelo menos, pela maioria deles. Estamos nos referindo não só ao chamado Outdoor clássico, o da tabuleta com 32 folhas. Podemos perfeitamente incluir nessa crítica também os Frontlights de todos os gêneros, uma evolução tecnológica do Outdoor clássico.

Uma pequena evidência do que se está falando é o fato de que em minha coluna ainda não consegui distinguir nenhuma peça com três mãozinhas (Ouro) (*).

Muitos vão dizer: putz, lá vem Chico Socorro, novamente, com as suas regrinhas sobre o que é um bom Outdoor (ou frontlight)... Coisa de dinosssauros...

Absorvida a inevitável crítica, vamos às tais regrinhas – são apenas cinco.

1. Outdoor tem linguagem própria.
Quando estiver criando para a mídia Outdoor, pense somente nesse meio, na sua linguagem própria, diferente do material PDV, anúncio em mídia impressa, sem falar das mídias
eletrônicas. Evite o caminho fácil de fazer do Outdoor uma simples adaptação de um anúncio de mídia impressa, por exemplo.

2. Pense no fato de que ninguém vai parar para ver o seu Outdoor.
Todo mundo está cansado de saber: quem vê o Outdoor está sempre em movimento, seja motorizado, de ônibus ou mesmo a pé, o que é raro. Por isso, a mensagem tem que ser telegráfica.
Ela tem que ser passada em 5, 6 segundos. Assim, a peça deverá ter o menor número possível de elementos – seja visual (ilustração, fotos) ou palavras.

3. Seja simples e deixe tudo muito claro na mensagem.
Nada que a pessoa tenha que refletir para entender. Isso é básico. Escolha uma fonte fácil de visualizar. Se for necessário, coloque uma única ilustração ou foto. Quanto ao número de palavras, David Ogilvy, um ícone reconhecido da publicidade dizia: no máximo 5.

4. O bom Outdoor é aquele que se destaca de tudo que está ao seu redor.
Diferentemente do que acontece com uma mensagem veiculada em outros meios, o bom outdoor tem que se destacar não só em relação aos outros outdoors próximos a ele como também de todo o seu “habitat” (prédios, sinais de trânsito, placas, etc.). Por supuesto, uma tarefa heróica...

5. Não se deixe enganar pelo que você vê no monitor do seu Mac ou PC
O ponto aqui é simples: um Outdoor (ou Frontlight) tem que ser visto à distância, razão pela qual ele terá que ser absolutamente “clean”, conter poucos elementos e lettering no tamanho adequado para ser lido de longe.

Um exemplo de uma peça que, criada há quase 30 anos, ainda hoje merece três mãozinhas:

Outdoor clássico

TRITON

O que mais chama a atenção na peça é a ocupação inteligente do espaço: o layout está todo ocupado com o produto e modelos. E a marca. Mas, ainda assim, vale um comentário recorrente: por que não uma frase? Vejam como a frase no Outdoor Lycra, pertinente, valoriza a mensagem.
Ficha Técnica
Anunciante: Triton - Direção de Criação e Direção de Arte: Agência PR,COM - Fotografia: Mir -Veiculação: Agência criAG Propaganda e Marketing - Aprovação: Angely Koerich - Atendimento: Ari Goes - Mídia: Flávia Tonicelo - Exibidora: Eldorado Propaganda.

Frontlight Clássico

Clear
Aqui está um bom exemplo de Frontlight. Chamada com apenas 5 palavras (incluída a palavra chave caspa), excelentes modelos, layout bastante “clean”. Nome do produto com o devido destaque. Merece 2 mãozinhas com louvor.
Ficha técnica
Anunciante: Unilever - Agência: Borghierh/Lowe - Título da campanha: Com Clear a caspa desaparece. - Nome do produto: Clear anti-caspa - Praça de exibição: Florianópolis - Exibidor: MIDIAMIX.COM

Texto de Chico Socorro chicosocorro@terra.com.br

Francisco Socorro é paulista, graduado em Sociologia pelaUniversidade de Leipzig, Alemanha em 1968. Ligado à Publicidade desde 1956, tendo trabalhado em diversas Agências de Publicidade de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.
Reside desde 1994 em Florianópolis e trabalha comoConsultor independente na área de Comunicação e Marketing prestando consultoria para empresas privadas e agências de publicidade.

(*) O autor usa uma pontuação de qualidadepara avaliar peças publicitárias, de1 até 3 mãozinhas

Publicação neste blog autorizada pelo autor

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