Com toda pompa e circunstância, Londrina acompanhou a inauguração em junho de 2011 do “Eco Mercado Palhano” - que deveria representar
“um novo conceito para centros de compras destinados ao varejo de alimentos”, segundo anúncios e divulgação pelos responsáveis.
Com dois pisos, além de estacionamento coberto – e muito caro – o
mercado abrigava 40 lojas no primeiro piso e um terraço-deck, com três
restaurantes. Elevadores modernos, construção avançada, várias lojas
conhecidas principalmente na oferta de alimentos, doces, sorvetes,
chopes e petiscos misturavam-se a bancas de frutas e lojas de presentes e
utilidades, dando a conotação de um mini-shopping. O espaço tornou-se
um dos mais agradáveis da cidade, situado defronte ao Lago Igapó2.
E aí ocorreu o mistério: das 40 lojas abertas na época da inauguração
há dois anos no primeiro piso, cerca de 90% fecharam as portas. Da
última vez em que lá estive, ainda deu para saborear um gostoso chopp,
mas o ambiente com lojas fechadas, as lonas abaixadas, tornou-se tétrico
e pouco convidativo.
Há alguns dias publiquei o post “Propaganda, o negócio da alma” nos blogs
Bahr-Baridades e
Propaganda, prazer em conhecer (links na coluna ao lado) destacando que “
hoje
são sociólogos, psicólogos, neurolinguistas, estudiosos da mente
humana, pesquisadores de mercado, entre outros, que se ocupam com a
identificação exata do consumidor ao qual se destina determinado
produto. São especialistas que vasculham minuciosamente o perfil,
gostos, desejos, idade, sexo, sentimentos ocultos das pessoas… e
conseguem, figurativamente, até invadir as suas almas”.
Deduz-se então que os responsáveis pelo Mercado Palhano adotaram dois caminhos possíveis:
1 – Erraram grotescamente na pesquisa de mercado e no atendimento das
expectativas dos consumidores, uma situação imperdoável para este tipo
de empreendimento no Século XXI, quando existem tantas ferramentas e
tanta gente especializada para evitar tal derrocada;
2 – Estão dando um golpe baixo nos lojistas que participaram de
boa-fé do empreendimento, havendo uma razão muito forte para expulsá-los
de lá – talvez um contrato mais vantajoso com algum mega-empreendedor,
um supermercado, uma loja de departamentos.
Como Londrina é uma cidade muito misteriosa em seus meandros, as
dúvidas só serão esclarecidas no futuro. Afinal, esta é uma cidade onde
obras públicas são iniciadas e não concluídas (como as avenidas Ayrton
Senna e Mabio Palhano), reformas de prédios públicos estão paralisadas
(Secretaria da Cultura, Teatro Ouro Verde), projetos são pagos sem
concretização (como o ex-futuro Teatro Municipal), há placas
indicativas para o inexistente Jardim Botânico que abriga em sua sede
luxuosa uma pá de funcionários sem que exerçam qualquer atividade,
praças e parques (inclusive uma doada pela colônia japonesa) são
abandonados, não há verbas para conservação de prédios históricos (Museu
de Arte, Estação Rodoviária) e a cidade mais importante do Norte do
Paraná não consegue a duplicação da rodovia que liga Londrina à capital
Curitiba – apesar do altíssimo custo dos pedágios e da estatística
alarmante reportando acidentes e mortes.