17.5.13

Mercado Palhano: erro mercadológico ou malandragem?


Com toda pompa e circunstância, Londrina acompanhou a inauguração em junho de 2011 do “Eco Mercado Palhano” -  que deveria representar “um novo conceito para centros de compras destinados ao varejo de alimentos”, segundo anúncios e divulgação pelos responsáveis.

Com dois pisos, além de estacionamento coberto – e muito caro – o mercado abrigava 40 lojas no primeiro piso e um terraço-deck, com três restaurantes. Elevadores modernos, construção avançada, várias lojas conhecidas principalmente na oferta de alimentos, doces, sorvetes, chopes e petiscos misturavam-se a bancas de frutas e lojas de presentes e utilidades, dando a conotação de um mini-shopping. O espaço tornou-se um dos mais agradáveis da cidade, situado defronte ao Lago Igapó2.

E aí ocorreu o mistério: das 40 lojas abertas na época da inauguração há dois anos no primeiro piso, cerca de 90% fecharam as portas. Da última vez em que lá estive, ainda deu para saborear um gostoso chopp, mas o ambiente com lojas fechadas, as lonas abaixadas, tornou-se tétrico e pouco convidativo.

Há alguns dias publiquei o post “Propaganda, o negócio da alma” nos blogs Bahr-Baridades e Propaganda, prazer em conhecer (links na coluna ao lado) destacando que “hoje são sociólogos, psicólogos, neurolinguistas, estudiosos da mente humana, pesquisadores de mercado, entre outros, que se ocupam com a identificação exata do consumidor ao qual se destina determinado produto. São especialistas que vasculham minuciosamente o perfil, gostos, desejos, idade, sexo, sentimentos ocultos das pessoas… e conseguem, figurativamente, até invadir as suas almas”.

Deduz-se então que os responsáveis pelo Mercado Palhano adotaram dois caminhos possíveis:

1 – Erraram grotescamente na pesquisa de mercado e no atendimento das expectativas dos consumidores, uma situação imperdoável para este tipo de empreendimento no Século XXI, quando existem tantas ferramentas e tanta gente especializada para evitar tal derrocada;

2 – Estão dando um golpe baixo nos lojistas que participaram de boa-fé do empreendimento, havendo uma razão muito forte para expulsá-los de lá – talvez um contrato mais vantajoso com algum mega-empreendedor, um supermercado, uma loja de departamentos.

Como Londrina é uma cidade muito misteriosa em seus meandros, as dúvidas só serão esclarecidas no futuro. Afinal, esta é uma cidade onde obras públicas são iniciadas e não concluídas (como as avenidas Ayrton Senna e Mabio Palhano), reformas de prédios públicos estão paralisadas (Secretaria da Cultura, Teatro Ouro Verde), projetos são pagos sem concretização (como  o ex-futuro Teatro Municipal), há placas indicativas para o inexistente Jardim Botânico que abriga em sua sede luxuosa uma pá de funcionários sem que exerçam qualquer atividade, praças e parques (inclusive uma doada pela colônia japonesa) são abandonados, não há verbas para conservação de prédios históricos (Museu de Arte, Estação Rodoviária) e a cidade mais importante do Norte do Paraná não consegue a duplicação da rodovia que liga Londrina à capital Curitiba – apesar do altíssimo custo dos pedágios e da estatística alarmante reportando acidentes e mortes.

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