28.10.09

Publicitário anti-publicidade exterior?

Muita gente tem estranhado minha posição a favor do Projeto Cidade Limpa, apresentado pelo prefeito de Londrina à Câmara Municipal.
Realmente parece ser uma posição bastante conflitante e até desconfortável. Pois publicitários como eu vivem de criações e do agenciamento de tempo e espaços (como rádios, tevê, jornais, revistas, portais da internet e outdoors, entre outros).
Mas publicitários também vivem no lar, no escritório, nas ruas, nos parques, nos jardins e no meio ambiente.
Queremos nosso lar, nossos objetos de estimação, nossa decoração bem arrumadinhos, limpos, bonitos.
Queremos nosso escritório com móveis e equipamentos confortáveis, atraentes, funcionais.
Queremos as nossas ruas, os parques, os jardins e o meio ambiente do nosso entorno nos proporcionando bem estar, prazer, beleza visual.
Infelizmente não é isso que está ocorrendo em Londrina.
Este blog tem documentado e registrado fotograficamente o avanço da poluição visual causada pelo número indiscriminado e descontrolado de outdoors, front-lights, luminosos, painéis e programações visuais de fachadas, lojas e consultórios.

Uma poluição visual de tal monta, que me fez despir da roupagem de publicitário e me inserir no contexto do cidadão que simplesmente reside nesta cidade.
Como publicitário, sou capaz de buscar criatividade suficiente para substituir a publicidade exterior por outras formas de comunicação – e com certeza continuar a divulgar a imagem e os produtos dos meus clientes com ótimos resultados.
Como cidadão, tenho o direito de exigir um basta a essa poluição visual desenfreada, que agride nossos olhos, nosso orgulho e nossa consciência.
Publicitário, sim. Poluidor, nunca!

2 comentários:

Sepex-PR Romerson Faco disse...

Como publicitario e acredito bem sucedido vc deve ter visitado varias cidades no Brasil e no Mundo.
Onde voce foi tem publicidade exterior em locais publicos e privados.
Madri, Londres, New York, Lisboa, Paris, Curitiba, Porto Alegre, Vitoria, Salvador (as brasileiras com legislacoes a mais de 10 anos.
Tudo fruto de uma legislacao e uma FISCALIZACAO eficiente.
Isto que sugerimos a Londrina, impossivel ter o que vc descreve, parece que Londrina nao possue favelas, lixo nas calcadas e em terrenos, cacambas atrapalhando o transito e a circulacao de pessoas, escolas sucateadas, postos de saude ineficientes, terrenos sem calcamento, camelos, etc.
O Poder Publico tem de ser eficiente na fiscalizacao, fazer a lei como nas cidades citadas e faze-la ser cumprida com multas e retirada dos equipamentos e publicidade que foram em desconformidade com esta lei.
Dar oportunidade para um setor se regulamentar e trabalhar eh pedir demais?

Julio Ernesto Bahr disse...

Sim, tenho visitado várias cidades no Brasil e Exterior.
Nem é preciso viajar: basta ver como estão as cidades em todo o mundo através da internet.
Devo dizer que jamais conheci cidade que tivesse o altíssimo índice de poluição visual como nossa Londrina.
Os moradores de cidades evoluídas possuem um sentimento de orgulho, de prazer, de alegria, por lá viverem.
Acredito que a maioria dos londrinenses sente o mesmo prazer e orgulho por nossa cidade. Mas sente-se acuada e agredida pelas filiadas ao seu sindicato, que nunca mediram esforços para avançar, mais e mais, sem limites, na politicamente incorreta progressão da poluição visual.
Vários dos meus textos neste blog têm denunciado a falta de fiscalização da prefeitura - e repetidas vezes cito o Código de Posturas do Município como parâmetro para se evitar a poluição visual causada pela publicidade exterior. Portanto, nem seria necessário o projeto "Cidade Limpa" apresentado pelo prefeito. Leia meu texto "Faca e Queijo nas mãos" publicado ontem neste blog.
Eticamente nem seria necessário um enquadramento das empresas de outdoor para se evitar tal poluição visual: da mesma maneira que os publicitários criaram um Código de Auto-Regulamentação Publicitária, bastaria que suas afiliadas se reunissem - e isso há muito tempo atrás - para imporem a si mesmas um limite, um ordenamento, um limite à poluição.
É óbvio que não desejo ver uma massa de pessoas desempregadas - a corda sempre roi do lado mais frágil. Entretanto, esse parece não ter sido o sentimento das suas afiliadas, que ao sujarem exageradamente nosso visual não se lembraram dos seus empregados. Só agora, com a porta em vias de ser arrombada, seu sindicato e seus comentários tentam provocar uma chantagem emocional apelando para o possível desemprego dos empregados do setor.
E nós, a maioria da população, vamos ficar calados e aguentar as transgressões que suas empresas cometem seguidamente, há anos? Vamos ficar apenas assistindo? Vamos deixar por isso mesmo?
E quanto a terrenos limpos... essa incumbência cabe aos proprietários. A Prefeitura também possui armas suficientes para obrigá-los a isso. Seja através de multas ou da justiça. Esse seu argumento não me sensibiliza.