9.3.08
Nosso blog "Visual de Londrina" abre discussão na imprensa
Glória Galembeck, jornalista do Jornal de Londrina, tomou conhecimento deste blog e publicou a matéria abaixo no domingo 09/03/08:
Sem lei, poluição visual aumenta
Para profissionais do setor, excesso estaria comprometendo função de painéis e outdoors
Como conseqüência de uma legislação pouco específica acerca de publicidade, a poluição visual em Londrina aumenta a cada dia. A estimativa, segundo profissionais do setor, é de existam 600 outdoors tamanho 9 x 6 metros na cidade e pelo menos 60 front-lights – painéis luminosos de metragem variável. “Vista do alto, a cidade é linda, com a paisagem de prédios e vegetação. Mas, ao caminhar pelo centro, mal se vê o céu. Há um excesso de painéis, como se fossem vagões de um trem, que escondem a vegetação e a arquitetura”, disse o publicitário Júlio Bahr, que, em quatro anos vivendo em Londrina, notou o aumento na quantidade e no tamanho dos outdoors. O resultado de suas observações pode ser acompanhado no blog Visual de Londrina ( http://visual-de-londrina.blogspot.com ), no qual ele retrata flagrantes do excesso de propaganda. “É uma agressão que não há como mensurar. O consumo e o comércio acabam sendo mais importantes do que o visual da cidade”, apontou.
Em alguns pontos da cidade, os painéis estão posicionados acima de muros que também foram pintados com propagandas. O resultado é uma paisagem carregada, um emaranhado de letras e logomarcas no qual é difícil distinguir as mensagens. “A função do outdoor é lembrar a marca, ser uma coisa sucinta. Noto que, em Londrina, tornaram-se verdadeiros classificados, com textos longos e muita informação, que nenhum motorista consegue ler”, afirmou Bahr.
Ciente do avanço do setor, Alessandro Cesário, presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) e especialista em marcas, disse que a entidade busca estabelecer critérios mais consistentes para a exploração visual. “Quando qualquer cidade deixa [a exploração] muito aberta, fica-se sem limites e aí atrapalha mais em vez de comunicar.”
Nos casos em que a presença do outdoor desrespeite o poder público, o cidadão ou o meio-ambiente, a publicidade acaba por ser negativa, ir contra a mensagem da propaganda. “Cada vez mais as empresas se mostram socialmente responsáveis, por isso, além dos atributos técnicos da propaganda, há outros aspectos envolvidos. Desde a procedência do papel até o material de que é feito o outdoor, e se foi preciso tirar alguma árvore para instalar o painel, tudo isso faz parte da mensagem”, observou.
Regulamentação
Câmara quer disciplinar atividade
A comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores pretende disciplinar a instalação de outdoors. O vereador Paulo Arildo (PSDB), presidente da comissão, informou à reportagem que vai esperar o clima na Câmara ficar mais tranqüilo – em referência às investigações do Ministério Público sobre vereadores da Casa – para convocar uma reunião do grupo. “Há o problema da retirada de árvores para instalação de outdoors e também dá falta de regulamentação de propagandas em fachadas de lojas e aqueles painéis enormes em prédios”, disse o vereador.
A regulamentação futura, garante o vereador, não deve seguir os passos da Lei Cidade Limpa, de São Paulo, em vigor desde janeiro de 2007, que acarretou na retirada de outdoors e placas das fachadas de lojas. “Não queremos tirar o que já existe, mas colocar limites”, disse.
Empresário discorda da saturação
Na avaliação de Paulo Rezende, dono da empresa Rede Outdoor, que faz a instalação desses painéis, a cidade não está tão saturada. “O outdoor não polui porque é um padrão, e os triplos [três outdoors envolvidos por uma lona, na qual a mensagem é impressa] não são tão constantes. Eles cumprem o objetivo de gerar impacto visual, e não se prolongam por muito tempo”, afirmou.
Outra contribuição das empresas do ramo, segundo Rezende, é a manutenção dos terrenos onde o outdoor está instalado.
Publicidade: CMTU inicia levantamento de outdoors instalados na cidade
Empresas pagam R$ 40 à Prefeitura por outdoor; considerando a existência de 600 painéis na cidade, são cerca de R$ 24 mil recolhidos aos cofres municipais anualmente.
A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) iniciou em novembro do ano passado um levantamento dos outdoors instalados no município. Segundo Wilson Galvão, coordenador de posturas, a fiscalização parte das informações prestadas pelas empresas de outdoor. De posse dos dados, dois fiscais vão às ruas conferir a localização dos painéis.
A exploração dos meios de publicidade em Londrina, o que inclui outdoors e painéis, é disciplinada por apenas 14 artigos do Código de Posturas do Município. Não há qualquer menção ao tamanho e quantidades de propagandas. Também não há menção a placas em fachadas de lojas na legislação.
A ordenação da atividade é delimitada em seu artigo 188 (parágrafo II), em que afirma que será proibida a propaganda que “de alguma forma prejudique os aspectos paisagísticos da cidade, seus panoramas naturais, monumentos típicos, históricos e tradicionais e, ainda, em frente a praças, parques e jardins públicos”.
Segundo Galvão, não há registro de outdoor que tenha sido retirado devido a irregularidades. É proibido, por exemplo, publicidade que contenha incorreções de linguagem, assim como painéis que prejudiquem a visibilidade das fachadas dos prédios.
Para manter o outdoor, as empresas do ramo pagam R$ 40 à Prefeitura por ano, segundo o setor de espaço público da CMTU. Considerando a existência de 600 outdoors na cidade, são cerca de R$ 24 mil recolhidos aos cofres municipais anualmente. A cobrança tem origem no Código de Posturas do Município, que, em seu artigo 186, estabelece que a publicidade instalada em local privado, mas que seja visível em locais públicos, é passível de taxação.
Até o ano passado, a cobrança era feita por metro quadrado – e bem mais salgada. O metro quadrado custava R$ 13,93, ou seja, o empresário pagava R$ 376,11 por ano para explorar o espaço.
Cidade precisa de critérios, diz arquiteta
A publicidade se torna um elemento de poluição visual, segundo a arquiteta Denise de Cássia Rossetto Januzzi, docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL), quando ocorre um conflito visual. “Temos a paisagem natural e a paisagem construída. A colocação de uma placa pode gerar esse conflito como o conjunto de edificações”, explicou. Esse conflito acaba por gerar uma sensação de irritação e desconforto em quem vê a mensagem, e surte um efeito contrário.
“Não é porque a mensagem é grande que ela vai ter o efeito desejável. Há uma idéia de quanto mais, melhor, mas não é o excesso que faz a boa propaganda”, pontuou. Ela defendeu que Londrina precisa de regras para o setor. “Não há limites. A cidade precisa de critérios, como definir tamanhos de outdoor e áreas em que é permitida essa exploração”, afirmou.
Sem lei, poluição visual aumenta
Para profissionais do setor, excesso estaria comprometendo função de painéis e outdoors
Como conseqüência de uma legislação pouco específica acerca de publicidade, a poluição visual em Londrina aumenta a cada dia. A estimativa, segundo profissionais do setor, é de existam 600 outdoors tamanho 9 x 6 metros na cidade e pelo menos 60 front-lights – painéis luminosos de metragem variável. “Vista do alto, a cidade é linda, com a paisagem de prédios e vegetação. Mas, ao caminhar pelo centro, mal se vê o céu. Há um excesso de painéis, como se fossem vagões de um trem, que escondem a vegetação e a arquitetura”, disse o publicitário Júlio Bahr, que, em quatro anos vivendo em Londrina, notou o aumento na quantidade e no tamanho dos outdoors. O resultado de suas observações pode ser acompanhado no blog Visual de Londrina ( http://visual-de-londrina.blogspot.com ), no qual ele retrata flagrantes do excesso de propaganda. “É uma agressão que não há como mensurar. O consumo e o comércio acabam sendo mais importantes do que o visual da cidade”, apontou.
Em alguns pontos da cidade, os painéis estão posicionados acima de muros que também foram pintados com propagandas. O resultado é uma paisagem carregada, um emaranhado de letras e logomarcas no qual é difícil distinguir as mensagens. “A função do outdoor é lembrar a marca, ser uma coisa sucinta. Noto que, em Londrina, tornaram-se verdadeiros classificados, com textos longos e muita informação, que nenhum motorista consegue ler”, afirmou Bahr.
Ciente do avanço do setor, Alessandro Cesário, presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) e especialista em marcas, disse que a entidade busca estabelecer critérios mais consistentes para a exploração visual. “Quando qualquer cidade deixa [a exploração] muito aberta, fica-se sem limites e aí atrapalha mais em vez de comunicar.”
Nos casos em que a presença do outdoor desrespeite o poder público, o cidadão ou o meio-ambiente, a publicidade acaba por ser negativa, ir contra a mensagem da propaganda. “Cada vez mais as empresas se mostram socialmente responsáveis, por isso, além dos atributos técnicos da propaganda, há outros aspectos envolvidos. Desde a procedência do papel até o material de que é feito o outdoor, e se foi preciso tirar alguma árvore para instalar o painel, tudo isso faz parte da mensagem”, observou.
Regulamentação
Câmara quer disciplinar atividade
A comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores pretende disciplinar a instalação de outdoors. O vereador Paulo Arildo (PSDB), presidente da comissão, informou à reportagem que vai esperar o clima na Câmara ficar mais tranqüilo – em referência às investigações do Ministério Público sobre vereadores da Casa – para convocar uma reunião do grupo. “Há o problema da retirada de árvores para instalação de outdoors e também dá falta de regulamentação de propagandas em fachadas de lojas e aqueles painéis enormes em prédios”, disse o vereador.
A regulamentação futura, garante o vereador, não deve seguir os passos da Lei Cidade Limpa, de São Paulo, em vigor desde janeiro de 2007, que acarretou na retirada de outdoors e placas das fachadas de lojas. “Não queremos tirar o que já existe, mas colocar limites”, disse.
Empresário discorda da saturação
Na avaliação de Paulo Rezende, dono da empresa Rede Outdoor, que faz a instalação desses painéis, a cidade não está tão saturada. “O outdoor não polui porque é um padrão, e os triplos [três outdoors envolvidos por uma lona, na qual a mensagem é impressa] não são tão constantes. Eles cumprem o objetivo de gerar impacto visual, e não se prolongam por muito tempo”, afirmou.
Outra contribuição das empresas do ramo, segundo Rezende, é a manutenção dos terrenos onde o outdoor está instalado.
Publicidade: CMTU inicia levantamento de outdoors instalados na cidade
Empresas pagam R$ 40 à Prefeitura por outdoor; considerando a existência de 600 painéis na cidade, são cerca de R$ 24 mil recolhidos aos cofres municipais anualmente.
A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) iniciou em novembro do ano passado um levantamento dos outdoors instalados no município. Segundo Wilson Galvão, coordenador de posturas, a fiscalização parte das informações prestadas pelas empresas de outdoor. De posse dos dados, dois fiscais vão às ruas conferir a localização dos painéis.
A exploração dos meios de publicidade em Londrina, o que inclui outdoors e painéis, é disciplinada por apenas 14 artigos do Código de Posturas do Município. Não há qualquer menção ao tamanho e quantidades de propagandas. Também não há menção a placas em fachadas de lojas na legislação.
A ordenação da atividade é delimitada em seu artigo 188 (parágrafo II), em que afirma que será proibida a propaganda que “de alguma forma prejudique os aspectos paisagísticos da cidade, seus panoramas naturais, monumentos típicos, históricos e tradicionais e, ainda, em frente a praças, parques e jardins públicos”.
Segundo Galvão, não há registro de outdoor que tenha sido retirado devido a irregularidades. É proibido, por exemplo, publicidade que contenha incorreções de linguagem, assim como painéis que prejudiquem a visibilidade das fachadas dos prédios.
Para manter o outdoor, as empresas do ramo pagam R$ 40 à Prefeitura por ano, segundo o setor de espaço público da CMTU. Considerando a existência de 600 outdoors na cidade, são cerca de R$ 24 mil recolhidos aos cofres municipais anualmente. A cobrança tem origem no Código de Posturas do Município, que, em seu artigo 186, estabelece que a publicidade instalada em local privado, mas que seja visível em locais públicos, é passível de taxação.
Até o ano passado, a cobrança era feita por metro quadrado – e bem mais salgada. O metro quadrado custava R$ 13,93, ou seja, o empresário pagava R$ 376,11 por ano para explorar o espaço.
Cidade precisa de critérios, diz arquiteta
A publicidade se torna um elemento de poluição visual, segundo a arquiteta Denise de Cássia Rossetto Januzzi, docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL), quando ocorre um conflito visual. “Temos a paisagem natural e a paisagem construída. A colocação de uma placa pode gerar esse conflito como o conjunto de edificações”, explicou. Esse conflito acaba por gerar uma sensação de irritação e desconforto em quem vê a mensagem, e surte um efeito contrário.
“Não é porque a mensagem é grande que ela vai ter o efeito desejável. Há uma idéia de quanto mais, melhor, mas não é o excesso que faz a boa propaganda”, pontuou. Ela defendeu que Londrina precisa de regras para o setor. “Não há limites. A cidade precisa de critérios, como definir tamanhos de outdoor e áreas em que é permitida essa exploração”, afirmou.
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Um comentário:
Olá Julio.
Até que enfim nossas autoridades estão deixando de fechar os olhos para as péssimas 'empresas" que poluem nossa cidade.
Carlos.
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